Marla de Queiroz


Meu Deus, que tamanha fome de vida. Como se os instantes me atravessassem com violência e acelerassem o peito. E, com o coração sempre na boca, eu tivesse que fazer um acordo com a delicadeza: que no impulso de ranger os dentes, eu não triturasse o meu coração. Que, mesmo com esse apetite imenso e vontade de engolir o Mundo, eu apenas deixasse ele se debruçar sobre mim para abraçá-lo e não o apertar até nos sufocar com toda força da minha intensidade. E tem sido essa labuta diária (sobre) viver o que sinto, o que sou: deixar que a borboleta pouse em meu rosto, sem esmagar as suas asas... Para não assustá-la, Meu Deus. Para não espantá-la sendo o que estou.

Marla de Queiroz

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