De açucenas a maresia,liberdade é o melhor perfume

Hoje pela manhã quando cheguei na orla para minha caminhada diária,olhei para  aquele marzão encantada pela sua infinita beleza.O sol beijando o mar e o mar beijando meus pés,com suas águas morna e espumas branquinhas.

A cada passo que dava meus pensamentos bailavam e dele surgiu um sorriso de contentamento.Minhas lembranças me levaram a Foz do Iguaçu,cidade onde morei por vários anos e a uma figura que sempre me intrigou.Diariamente eu encontrava andando pelas ruas de Foz uma mulher bem vestida,de salto alto,bem maquiada e exalando Dior por onde passava,fazendo contraste com minha figura simples,sempre de jeans justo,tenis,camisa maior que meu corpo,rabo de cavalo e exalando perfume de flor de açucena colhida nas manhãs outonais.Não me pergunte que perfume é esse,pois não sei nem se açucenas tem perfume,um amigo meu é que dizia que eu cheirava a açucenas frescas.Mas,voltando a tal mulher,o que intrigava nela era o sorriso constante,não falava com ninguém mais sorria sem parar e todos pensavam que ela era louca.Sempre pensei que aquele sorriso de Monalisa ou era extremamente feliz ou escondia uma extrema dor.

Volto para minha caminhada e percebo que assim como a mulher de Foz ,estava eu sorrindo sem parar,as pessoas passavam por mim e me olhavam da mesma maneira que olhavam para ela,como se eu fosse uma louca.Mas, já dizia Caetano Veloso, "de perto ninguém é normal".

Continuei minha caminhada sorrindo, e só então me dei conta que eu sorria,porque naquele momento percebi que estava começando a quebrar minhas correntes,que estava desatando meus nós,que estava indo  rumo a minha liberdade.

Eu já não cheirava a açucenas fresca,como dizia meu amigo e sim cheirava a maresia com sargaço e sal,com notas florais  de liberdade e desejo supremo de felicidade.

Lygia Cavalcanti