Flor estrangeira


O flor, flor estrangeira,
quando te perguntei
teu nome,
abanaste a cabeça,
brincando.

E disse comigo:
Que pode haver num nome ?
Pelo teu sorriso és conhecida
e sòmente por ele.

Ó flor, flor estrangeira,
quando te apertei ao meu coração
e perguntei:
- Dize-me, onde moras ?
Abanaste a cabeça,
brincando.
- Não sei onde é,
respondeste.

E eu disse comigo :
Era inútil perguntar
de onde vinhas.
Tua casa está
no amoroso coração daquele
que te conhece
e apenas lá.

Ó flor, flor estrangeira,
quando te perguntei num suspiro :
- Que idioma falas ?
Abanaste a cabeça, brincando,
enquanto as fôlhas
se punham a murmurar.

E comigo disse :
Agora sei
que a mensagem do teu perfume
transporta tua esperança sem palavras
e teu teu alento
é a minha própria vida.

Ó flor, flor estrangeira,
quando te perguntei,
a primeira vez que vim
de madrugada :
- Sabes quem sou ?
Abanaste a cabeça,
brincando.

E disse comigo:
Não tem grande importância.
Se soubesses
que meu coração fica
cheio de alegria
perto de ti,
então, ninguém me conheceria melhor,
ó flor, flor estrangeira.

Ó flor, flor estrangeira,
quando te perguntei:
- Algum dia me esquecerás ?
Abanaste a cabeça,
brincando.

E senti no meu coração
que me recordarias
muitas e muitas vêses, quando eu te deixasse
por uma outra terra.
A distância virá
aproximar-nos
em sonho
e não me hás de esquecer
nunca mais.

Rabindranath Tagore


4 comentários: