Marla de Queiroz

Meu corpo explícito e minhas pernas convictamente afastadas contemplam seus olhos. Tua pupila arde e já não sei mais o que, nelas, é o reflexo das minhas cores. Meus poros te apreendem tão profundamente que absorvo cada desenho da tua íris. Teu olhar verseja minha luxúria e inquietação, mas permanece quieto, calado, adiando a concessão apesar das minhas súplicas convulsivas. Meu corpo esparramado respinga em tuas retinas. Você me recolhe num sorriso sacana, maiúsculo. Meus seios adjetivam minha espera impaciente, mas o castanho dos teus olhos permanece duro, firme, intacto. Meus olhos falam de amor para os teus. Eles se abraçam amolecidos, mas sem quaisquer movimentos do seu corpo ao meu encontro: apenas teus olhos penetram em mim com a fundura sensual e impiedosa.
Meu corpo extremo contempla teu rosto. Tua expressão cede aos meus anseios e acompanha a dança da minha pélvis umedecida, ainda vazia de ti. Meu apetite devora tua boca subitamente. Seus olhos se fecham pra mergulhar em mim.

Marla de Queiroz






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