Somos formados de múltiplas camadas de gente. Dos que já se foram, e dos que ainda são...dos que imploramos a Deus que não vão, daqueles que daríamos tudo para que voltassem, e dos que ainda não chegaram. Cada ser que ocupou conosco um pedacinho da existência está aqui, de algum jeito...nos dando forma. Nos criando. É isso que somos...um quebra cabeças todinho feito de rostos, vozes, olhos, atitudes, corações e almas. Em andamento...em pleno desenvolvimento.


Às vezes, é engraçado...vemos nessa composição meio bizarra até, uma ou outra, ou várias peças faltando...mas tudo bem, elas estão guardadinhas numa caixa de ouro chamada memória. Não se perderam...é que de vez em quando querem descansar, quietas, sem ninguém pra incomodar...depois saem, e trocam de lugar com outras...e aí, umas lacunas fecham, e irremediavelmente, outras se abrem.


E assim nos descobrimos...nas faxinas voluntárias ou não, desse enorme painel de encaixes e desencaixes...ora querendo jogar tudo dentro dum velho baú e lacrar, ora querendo tudo ali, exposto, limpinho...o mais organizado possível.
Gosto desse jogo...

Gosto de ter essas peças minúsculas ou aquelas bem grandes, para cuidar. Me perco vez por outra ali...remexendo, montando e desmontando, revirando, arrumando...me entendendo.
Ou não...me espatifando toda. Depois horas, dias, catando cacos. Buscando sentidos...ou aceitando o implacável vazio que de vez em quando precisa se mostrar.
É bom...ô se é.

Adoro ser uma espécie de cebola...amo minhas camadas.
Ninguém veio, ficou, ou se foi por acaso. Nem quem veio para a guerra, nem quem preferiu a paz...
E para cada uma delas, em reverência me curvo.

Obrigada! Somos um. Somos um todo hábil e fumegante...sempre vivo e útil.
Uma única destas películas, translúcida de tão fina... aparentemente descartável, a menos, não seria eu.

Benditos sejam todos os que me compõem.

Gi Stadnicki.


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